Como diria Cazuza em um dos hinos da redemocratização, acordei esta semana feliz, me sentindo vitoriosa. Isso nada tem a ver com o resultado das eleições, em termos de candidatos ou partidos. Renovei a minha esperança ao ver que as mulheres estão avançando também na sua (nossa) representação política.
Quebramos vários recordes! O de candidatas à presidência (quatro), de deputadas federais (91) e de mulheres trans na Câmara (duas pioneiras!). Pela primeira vez, o estado de Pernambuco será comandado por uma mulher – já sabemos disso porque o segundo turno vai ser disputado por duas mulheres!
Em 2018, a Justiça Eleitoral tinha determinado que 30% das verbas públicas de financiamento de campanhas fossem destinadas a candidaturas femininas. Naquela eleição, saltamos de 9% para 15% do total de parlamentares. Agora, chegamos a 17,7%. Ainda é pouco, mas, sem dúvida, sinaliza uma tendência positiva. Li que a partir destas eleições, os votos dados a mulheres e negros pesarão em dobro para o cálculo do Fundo Eleitoral. Mais um incentivo para seguirmos avançando.
No mundo, a participação feminina na política ainda está em 26%, bem acima do Brasil, mas muito abaixo do equilíbrio. Em um levantamento da União Interparlamentar (UIP), feito com 193 países em agosto, o Brasil ainda ocupava a 146ª posição.
Outro ponto importante destacado por especialistas: é preciso acelerar a mudança. No ritmo em que estamos, só alcançaremos a paridade daqui a 145 anos!
Um dado curioso: somos uma minoria em termos de representação no Legislativo e no Executivo, mas somos a maioria do eleitorado (52% dos brasileiros aptos a votar). Talvez, com mais informação, participação, apoio e envolvimento de todos (e todas) com as campanhas femininas, possamos dar a nossa contribuição para ter na próxima eleição ainda mais motivos para comemorar. Viva a democracia! Viva as mulheres!