Há exatos três anos, em março de 2020, fomos surpreendidos por uma mudança radical nas nossas vidas e no modelo de trabalho em todo o mundo.
Impulsionada pela pandemia, teve início uma discussão que rapidamente se tornou cansativa sobre qual seria o “novo normal”. Se falava que teríamos que esquecer os modelos de trabalho tradicionais, que o trabalho remoto (ou híbrido) dominaria boa parte das empresas e que nada seria como antes.
Sim! Mudamos! Muitos dizem que a tecnologia patrocinou esta mudança. Na minha opinião, a tecnologia já estava lá, prontinha, há muito tempo. O que aconteceu foi uma mudança cultural forçada. Enquanto tínhamos opção, desconfiávamos que o fim do modelo “comando e controle” do trabalho presencial levaria à perda de produtividade. O que se viu foi o contrário. Houve, sim, desafios adicionais na gestão das equipes e dos projetos, mas os profissionais e os métodos de trabalho se mostraram maduros, prontos para uma nova realidade, e para relações de confiança mútua.
Agora, estamos diante da necessidade de uma nova evolução. Se, nesses três anos, tivemos ganhos de produtividade e qualidade de vida, também tivemos um aumento alarmante de problemas ligados à saúde mental e burnout.
O “anywhere office” abriu o caminho para que profissionais pudessem trabalhar de qualquer lugar do planeta e para que as empresas tivessem equipes mais diversas – hoje, na Confitec, temos profissionais de todas as regiões do país nos nossos times. Mas também vimos surgir o “everywhere office”, resultado da queda dos muros que separam descanso e trabalho, casa e escritório, vida pessoal e vida profissional. E, para muitos, foi-se embora aquele ganho de qualidade de vida.
Volto, então, à pergunta original: qual será o próximo normal? Onde vamos encontrar um equilíbrio sustentável? Existem hoje testes de semanas com quatro dias de trabalho. Será que funciona? Parece que a produtividade, para algumas atividades, até aumentou. Também se fala muito em “Workation”, mistura de férias com trabalho, em que o profissional pode se deslocar para um lugar onde normalmente passaria as férias e equilibrar lazer e trabalho.
Seja como for, acredito que nós, líderes de equipes, precisamos pensar seriamente em formas de cuidar dos interesses das empresas e, ao mesmo tempo, da saúde mental das pessoas. No longo prazo (ou até antes disso), um não se sustenta sem o outro.
Na Confitec, temos essa preocupação desde o início, há exatos 20 anos. Nem sempre conseguimos alcançar o equilíbrio desejado, mas a relação de confiança que desenvolvemos com a equipe faz com que haja um entendimento de que esse é um desafio para todos nós. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas acredito que estamos na direção certa.