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23
agosto

Lições do esporte

Lições do esporte

Sou competitivo! Sempre gostei de esporte. Aos 24 anos, em 2001, surgiu a oportunidade de jogar um torneio de boliche para iniciantes.

Tinha jogado pouquíssimas vezes na vida, mas o suficiente para me divertir e, claro, querer ganhar. A competição em questão durava sete meses, dividida em sete etapas. Dava perfeitamente para conciliar com a vida pessoal e o trabalho.

Na última etapa, na Faculdade Facha, eu não consegui me classificar, mas, minha mulher, que tinha entrado só na terceira etapa, passou à final.

Quando chegou o esperado dia, fui levá-la ao torneio, conformado em só torcer. Para minha sorte, houve uma desistência de última hora e fui chamado para jogar também. Sorte de iniciante? Talvez… 

Resultado: ela foi campeã do feminino e eu, do masculino.

Depois da “consagração”, fiquei quase dois anos parado. O casamento e o volume de trabalho não permitiam que eu jogasse com a regularidade que eu gostaria. Além do mais, o boliche é um esporte caro. 

Mas eu queria muito voltar ao boliche, não desisti. Já tinha me apaixonado pelo esporte. Assim que tive uma oportunidade, procurei novamente o organizador do torneio, expliquei a situação e ele me colocou numa liga de boliche. 

Comecei a levar mais a sério e, depois da liga, passei para a federação. Ganhei algumas competições, cheguei bem à final em outras, fiquei em terceiro ou segundo lugar. Sempre me esforçando, sempre tentando melhorar.

Já faço parte da seleção carioca há dez anos. Fui campeão brasileiro pela segunda divisão, pelo América, e campeão da Taça Brasil de Seleções.

Consegui transmitir essa paixão para minha filha. Ela começou no boliche bem pequena, aos 8 anos, por vontade própria. E, hoje, aos 17, faz parte das seleções carioca e brasileira. Já jogou na República Dominicana, no Chile… Ela quer estudar no exterior com bolsa de boliche e eu, claro, dou total apoio.

Em 2019, achei que o esporte estava a ponto de acabar no Rio. Um boliche não queria atletas e o outro estava encerrando sua operação. Decidi, então, me juntar a um pool de investidores para tentar uma saída. Hoje, com quatro sócios, sou responsável por um boliche na Barra da Tijuca.

Por causa da pandemia, abrimos e, depois de dez dias, tivemos que fechar as portas. Foi duro. Mas, no fim das contas, deu tudo certo e estamos indo muito bem. 

Por que estou escrevendo sobre isso? Porque vejo muitos paralelos entre a vida profissional e o boliche.

No esporte, para obter bons resultados, devemos ter garra, aprender sempre e superar nossos limites. Com o boliche, aprendi que é preciso saber lidar com a distância que existe entre ação e resultado. A jogada começa lá atrás e depende de diversos fatores pelo meio do caminho para dar certo. Nossa projeção de futuro esbarra em imprevistos e precisamos nos adaptar, ter paciência e jogo de cintura para driblar as dificuldades. A decisão pode ser correta, mas a pista – ou o contexto – pode mudar tudo.

Por fim, diferentemente do que muita gente pensa, o boliche não é uma modalidade individual. Jogamos em dupla, quarteto e equipes. Por mais que uma pessoa seja responsável por derrubar seus pinos, está todo mundo ali se empenhando pelo grupo, unindo forças e habilidades. Notou alguma semelhança com o seu ambiente de trabalho? Espero que sim!